terça-feira, julho 17, 2007

A elfa e a vampira - parte 1

As corujas sobrevoavam as mesas no salão principal da escola. Era o primeiro dia de aula após o fim de semana friorento que brindou os alunos de Hogwarts. Uma certo pesar incomodava a grifinória de orelhas pontudas, sentada na mesa da sua casa, mal ousando beliscar um pãozinho. Era aula de DCAT. Nas últimas semanas todas as aulas em conjunto com a Sonserina haviam sido uma tortura para a garota, e mesmo não dizendo nada a ninguém, suas amigas notavam que havia algo errado. Alexis principalmente, que dividia a carteira com a amiga em todas as aulas.

- Zoreinha, num vai comer nada não? - perguntou preocupada.

- Vou, eu acho... - respondeu evasivamente.

- Hora de irmos! - Dumbledore se levantou recolhendo a mochila e puxando a amiga.

No caminho, conversavam banalidades e Arwen acabou se distraindo. Desceram as escadas escuras, frias, iluminadas pelos horripilantes archotes e chegaram nas masmorras. Acomodaram-se como sempre, pegaram o material escolar, depositando livros, pergaminhos e penas sobre a carteira. Tudo parecia muito bem, obrigada. Tudo muito normal, corriqueiro e cotidiano. E eis que a pequena grifinória de olhos cor-de-mel mais uma vez teve uma de suas vertigens. Começou como sempre, um arrepio gelado na espinha, o anel pesando e queimando sua mão e o calor subindo pelo seu braço esquerdo, deixando-o adormecido. A sala de aula então começava a girar e ela acabava abaixando a cabeça apoiando-a nos braços cruzados em cima da mesa. Respirava fundo, as paredes paravam de se mover lentamente e o foco voltava à sua visão. Às vezes era mais intenso, outras mais ameno, outras ainda muito rápido. Alexis e Daryl insistiam em levá-la até Madame Pompom para fazer uma avaliação geral, mas ela se recusava. Sabia que de nada adiantaria. Tinha certeza de que era algo ligado às suas faculdades (ou seriam dificuldades???), e as escassas pessoas que conheciam sua origem e seus talentos pouco comuns já lhe haviam advertido de que o socorro não seria fácil caso precisasse de ajuda: muito pouco se sabia sobre o povo élfico desaparecido do mundo há tantas eras. Logo, teria de se virar sozinha.

O que a deixava intrigada era a forma como aquilo começara. O que tinha demais em dividir aulas com a Sonserina??? Não era da turma do Malfoy e sua gangue, tinha bom relacionamento com alguns colegas da casa das serpentes... E de um momento para o outro as aulas com os discípulos de Slytherin começam a ser uma verdadeira sessão de tormento para a semi-elfa.

Já estava refeita quando sentiu outra onda de frio tremer o corpo e tirar o ambiente de foco. A visão turva vislumbrou um vulto muito pálido, com uma sombra negra sobre a cabeça caindo pesadamente sobre os ombros e as costas, que ela julgava ser uma cabeleira lisa... E um par de faróis verdes faiscantes. A visão foi entrando novamente nos eixos e o vulto se mostrou uma garota muito pálida, de longos cabelos negros e lisos e olhos verde-esmeralda. Notou que a menina que acabara de entrar nas masmorras também tremia de frio. Abraçava o próprio corpo e olhava para os lados, como que procurando o vento frio que a atingira.

Desde então, não se concentrava, mal ouvia as palavras do mestre de DCAT. Era a quarta aula consecutiva que isso acontecia, mas nunca ela havia identificado uma possível fonte para o mal-estar. Mas o que tinha a novata a ver com aquilo? Devia estar ficando louca, ela pensava. Naquela aula, em específico, passou quase todo o tempo analisando a estranha e vez ou outra, sentindo outros episódios mais discretos do inconveniente mal-estar.

"Se isso durar o ano inteiro, vou precisar de reforço em DCAT, Poções e TCM" – pensava enquanto encarava a sonserina estranha – "Ainda bem que tenho vários amigos corvinais..."

Ajeitando-se novamente no assento, apoiou o queixo fino sobre os braços cruzados, enquanto tentava, mais uma vez, concentrar-se no conteúdo ministrado nas aulas. Depois tentaria descobrir o que havia de estranho acontecendo com ela. Não antes sem virar-se discretamente para trás para dar uma olhadela na sonserina novata, que inesperadamente, também a encarava.

Continua...

Por A. Potter e Anna Valerious

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