terça-feira, maio 01, 2007

Dois rapagões e uma pequena dama - final

Perdida em seus devaneios, a grifinória de orelhas pontudas continuava estática na beira do lago. Ou ela estava ficando louca ou estava despencando um ligeiro penhasco para o lufano quando acreditava estar interessada em outro rapaz, um corvinal criador de hipogrifos. O que não era de todo ruim, afinal, apesar de conhecer pouco Chris Storm ele parecia bem mais acessível e tão interessante quanto Belmont. Mas poderia ser que aquela demonstração de solidariedade que ele mostrara na festa da torre de astronomia fosse apenas o jeito cavalheiresco do rapaz. Não conhecia muitos ingleses criados na Grécia, mas o pouco que conhecia daquele país dizia que os rapazes que viviam lá deveriam ser bem gentis... Por outro lado, Josh era educado, reservado, não menos gentil, bonito, inteligente...

- Oh dúvida cruel! - uma sonserina brincou ao ver a garota imersa em seu poço de dúvidas.

Arwen levantou os olhos e esboçou o que seria um meio-sorriso. Fora pega de surpresa, não imaginou que algum conhecido a pudesse encontrar matando aula.

- Ahn, oi, tudo bem, Selina?

- Comigo tudo bem, mas ao ver a fumacinha que saía da sua cabeça, vim ver se estava bem. - A sonserina sentou ao lado da garota sem nenhuma cerimônia.

Selina esperou um pouco para ver se a grifinória falaria algo. Ao vê-la olhando o lago novamente e suspirando várias vezes, teve que falar novamente.

- Sua dúvida seria algo relacionado ao que falei na festa?

- Acho que sim... - a grifinória respondeu - Pelo menos tem a ver comigo no meio daquilo, se é que realmente houve algo naquelas entrelinhas... Mas você é empata, deve saber como eu estou me sentindo, não? - e tornou a olhar a moça de cabelos azuis.

- Saber o que está sentindo é muito complexo. Vejo claramente sua confusão, conta? Não foi difícil somar dois mais dois e entender sua dúvida.

Ao ver a grifinória perdida em pensamentos Selina quis ajudá-la. A sonserina não sabia porque, mas sentia uma certa afinidade com Arwen. Esta, por sua vez, sorriu um pouco encabulada para a garota, desviando seu olhar para diante de novo.

- A duvida inicialmente não era minha, mas passou a ser. E quando passa a nos dizer respeito, o que parece óbvio de repente se mostra confuso e nada direto. O que eu quero dizer é que eu estava quase certa dos meus sentimentos ainda vacilantes, e agora não estou mais. Difícil entender isso? - Arwen estava sendo honesta, e não sabia dizer exatamente porque confiar em uma pessoa conhecida, mas não íntima, ainda mais sendo esta uma sonserina. Mas a verdade era que Selina Grant lhe inspirava algo mais do que os limites da boa educação, era-lhe fácil conversar com ela e simpatizar com aquele jeito meio louco de ser – que a Zoreia sabia, intimamente que era mais uma fachada do que qualquer outra coisa.

- Não é tão difícil de entender, mas você está pensando demais e exatamente por isso está fundindo sua cuca. - A sonserina via o rosto normalmente risonho de Arwen triste e brincou um pouco. - Deve ser muito difícil ser disputada por um moreno corvinal lindo e um lufano grego maravilhoso...

A grifinória cedeu à gracinha e riu.

- Claro, claro, e o que você me sugere? Que eu fique com os dois? Sério, eu acreditava estar me interessando pelo Josh, mas confesso que essa aparição repentina do Storm está mexendo com os meus brios. Não me pergunte porquê, é algo que olhando retrospectivamente, acontece desde a primeira vez que conversamos. Sabe, às vezes eu sinto algo familiar nele... Não sei... E eu, que achei que nunca fosse me interessar por alguém de novo, eis-me aqui tentando compreender os motivos que me levam a querer... Dois? Aff, eu estou ficando maluca!

Abrindo um sorriso maroto, a sonserina não conseguiu não brincar mais.

- Se todas tivéssemos esses problemas na vida... Por que escolher quando se pode ter os dois? - Selina virou para a Arwen e falou um pouco mais sério. - Brincadeiras de caras gatos a parte, porque você simplesmente não faz nada a não ser observar suas próprias reações a eles? Você mesma vai se dar uma resposta com o tempo. E se não conseguir entender o que sente, me chama que eu vejo para você e te digo... Ou faça o test drive com os dois... Te garanto que não vai arrancar pedaço...

- Pode deixar, vou me lembrar disso quando estiver com dúvidas existenciais outra vez. - a grifinória respondeu esboçando um sorriso e continuou após uma pequena pausa - Sabe, tudo o que eu estava precisando agora era de um pouco de sossego, e talvez essa confusão seja gastar energia de maneira desnecessária. Minha vida virou de pernas para o ar, minha mãe morreu faz menos de 6 meses, terminei algo que não sei se poderia ser chamado de namoro logo em seguida e acho que eu preciso mesmo me dar um tempo pra me organizar.

A sonserina não sabia o que tinha acontecido ou não na vida de Arwen. Elas nunca conversaram sobre nada assim e ela não procurava saber algo do passado alheio a não ser que fosse necessário, o que não era o caso da grifinória. Selina sorriu levemente e ficou ali quieta ao lado da outra. Se ela precisasse falar mais alguma coisa, estava disposta a ouvir.

- De qualquer forma, obrigada por tudo, Selina. Você tem sido uma pessoa paciente e maravilhosa comigo. Se precisar de alguma coisa... - a menina de orelhas pontudas tirou de um dos bolsos da veste um broche de pergaminho e o ofereceu à sonserina - é só chamar.

- Chamar com isso? - Ela olhou esperando a explicação de como funciona.

- Ah, sim, com isso... Eu e as meninas, a Dani e a Alexis usamos para nos comunicarmos, quando precisar aponte a varinha para o pergaminho e pronuncie o feitiço Conectium Arwen. Se você olhar bem para o pergaminho ele vai te mostrar onde estou. E o meu vai acender, avisando que alguém me conectou. Engenhoso, não é? Dani Lupin é quase um gênio, às vezes...

- Estou impressionada com a Lupin, não esperava algo tão engenhoso... Depois vou perguntar para ela como criou.

Arwen estava particularmente feliz em entregar um "comunicador instantâneo maroto" para Selina. Talvez ela ainda não tivesse notado, mas estava se tornando uma pessoa verdadeiramente importante na vida conturbada da Zoreiuda, contrariando os preconceitos básicos entre as casas de Hogwarts.

- Bem, Sel, agora eu vou indo... Hora de voltar ao mundo real e encarar uma aula de Estudo dos Trouxas. Até mais!

- Eu não estou com vontade de assistir aula nenhuma. Até...

Enquanto olhava a grifinória voltar para o castelo, Selina pensava no pequeno objeto que estava nas suas mãos. As duas garotas se conheceram em um choque de poderes e depois disso simplesmente se aceitaram sem problemas. A sonserina se perguntava se algo mais tinha acontecido naquele curto-circuito mental que houve entre elas ou se estava sendo algo espontâneo. Dando os ombros a sonserina não quis mais pensar no assunto, não poderia fazer mais nada agora. Iria aproveitar a nova amizade que estava surgindo...

Por Arwen e Selina
Arwen Lórien Potter às 20:58 h

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