sexta-feira, abril 07, 2006

Marotas Kid - A Hora da Verdade - Parte 3

No episódio anterior, as Trapalhonas, ops, as Marotas Alexis e Arwen estavam interessadíssimas em canetas que cospem fogo e afins enquanto a ex-de novo-lupina Dani conversava com seu ex-quase-futuro-adotivo-de coração papai, o poderoso Lupão. A confabulação familiar terminou, os dois se acertaram e viveram felizes para sempre, mas antes do happy end derradeiro, ele ainda tinha mais algumas explicações para uma certa marota orelhuda.

Estavam entretidas com as maravilhosas canetas e pergaminhos perfumados ("aaatchiiiim! Droga de perfume, eu sou alérgica, lembra, dona Arwen???"), mas na realidade, com os pensamentos bem ali atrás delas, torcendo para que sua amiga deixasse de ser cabeça-dura e finalmente se entendesse com o pai adotivo. Logo, Arwen não se surpreendeu quando sentiu a aproximação dos dois em direção a elas e virou-se antes que eles chegassem.

- Aqui está dona Zoreia. Eu disse que você queria trocar umas idéias com ele... - Dani Lupin esticava a mão do pai para a amiga.

Arwen sorriu para os dois. Silêncio. Ela olhava para os lados, e outra vez para o ex-professor, já não tão risonha.

- Então, Zoreia??? - apressava Alexis - Desembucha, minha filha, o professor Lupin não deve ter o dia todo pra ficar olhando pra cara da gente, não?

A grifinória de orelhas pontudas corou.

- Vamos ter platéia, é? - resmungou baixinho.

- Acho que vocês já devem estar entediadas de ficarem aqui no meio dos pergaminhos, não? Por que não vamos a algum lugar tomar alguma coisa? - sugeriu Lupin - nesses dias, acho que o 3 Vassouras deve estar muito cheio... O Cabeça de Javali pode ser ruim para mim por motivos... pessoais. Que tal o Madame Puddifoot? Acho que deve ser o mais tranquilo do vilarejo. Assim conversamos com calma.

- Aff papis, você é mesmo um gênio, eu estou mesmo precisando de um chocolate quente e...

- Vocês duas vão passear noutro lugar, depois nos encontram lá, não é, srta. Potter? - exclareceu o ex-professor, dando uma piscadela de olho para Arwen.

- AAAAAAAHH NÃO! - Dani protestava - Não é justo!!! Nós também queremos xeretar, quer dizer, nós também queremos compartilhar a dor das lembranças da nossa amiga! E além disso, pô pai, pega mal pra caramba você sozinho no Madame Puddifoot com uma menininha que tem idade pra ser sua filha né?

Mesmo com o rosto magro e semblante cansado, Lupin não aguentou e deu uma gargalhada.

- Não se preocupe, Lobinha, ninguém vai pensar nada demais e logo logo vocês já podem ir para lá também. Que tal passearem na Dedosdemel enquanto isso?

Sairam da loja de pergaminhos e o vento cortava a pele como navalha, mesmo com todo o arsenal anti-frio das meninas. As garotas se despediram de Lupin e Arwen e rumaram em direção contrária a que eles iriam seguir. O lobo do bem estranhou.

- Ow, a Dedosdemel não fica desse lado? Achei que vocês fossem nos acompanhar na descida da rua...

- Nah, vamos primeiro à Zonkos ver se tem alguma novidade...

- SE ela estiver aberta... - riu o professor. - Não toma jeito mesmo essa Lobinha!

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Durante a curta caminhada, enquanto o frio impedia a garota de dizer qualquer coisa, ela observava a quantidade de lojas fechadas. Haviam poucos alunos na rua, a maioria desses voltando para o castelo antes do almoço. Quando deu por si, chegaram à casa de chá. De fato, deveria ser a loja destinada a delícias comestíveis mais vazia do povoado de Hogsmeade naquela manhã gelada. Poucos casais se encontravam por ali, alguns poucos pequenos grupos de alunos mais reservados e só. Arwen acreditou que os namorados preferissem estar no aconchego do castelo junto às lareiras do que ali, no meio do gelo.

Sentaram-se numa mesinha e pediram chocolate quente. Lupin olhava a menina diante de si, com um semblante amável e carinhoso. Arwen retribuiu o olhar, enigmática.

- Então, mocinha? O que você tem de tão sério para tratar comigo? - ele começou a conversa.

A garota não respondeu. Virou-se na cadeira, abaixando para pegar algo em sua mochila no chão. Retirou um livro de capa de veludo vermelho e letras douradas. Afastou sua xícara de chocolate para a direita, depositando o livro diante de si.
Olhou de novo para o professor, mas estranhamente, a expressão no rosto dele ainda era a mesma - divertida.

Ela abriu o livro - O Anuário de Hogwarts de 1978 - indo direto na página que se encontrava o nome de Liv Spellman, marcando-o com o auxílio de sua varinha com um acento luminoso no canto superior da página. E depois, mais para o meio do livro, encontrou o nome de Remus Lupin.

- Professor... - começou ela corando, porque sabia que ele não gostava muito que usassem esse título para ele, mas não adiantava, pra ela Lupin era professor e ponto - Recebi faz pouco tempo meus pertences e encontrei isso. Não entendo, sempre fui muito ligada aos meus pais, mais ainda à minha mãe, mas de repente percebi que não sei nada sobre ela. Nem sobre meu pai. Nem sobre nada. Como o senhor foi um dos principais incentivadores para que eu começasse a busca sobre a minha verdadeira identidade, fiquei muito surpresa ao ver que minha mãe era sua colega de turma. E nenhum de vocês mencionou coisa alguma. Pra dizer a verdade, nem sobre os pais do Legume... - ela parou de chofre e engoliu seco, afinal Harry era um dos queridinhos do professor Lupin.

- Legume? - o lobisomem erguia as sobrancelhas de um jeito enigmático e engraçado, fazendo com que a grifinória ficasse mais escarlate que as listras do cachecol que estava no seu pescoço.

- Ahn... Apelido carinhoso para ex-namorados insensíveis, professor, inclusive usado pela primeira vez pela sua filhota, mas isso não vem ao caso agora - ela contornou a situação, com uma dextreza que a surpreendeu - O caso é que, sabendo que o Leg... bom, Harry Potter era uma pessoa querida para mim, e que Dani é uma das minhas duas melhores amigas, por que ninguém me contou nada? Seria natural que minha mãe dissesse, "nossa, você é amiga da filha do Lupin! Estudei com ele em Hogwarts", ou o mesmo para os Potter, ou até mesmo quando eu reclamava do sebos... Hum, - fingiu uma tossezinha muito da fajuta - do professor Snape. Mas nem nada. Nem o senhor quando me conheceu. Muito estranho! Quero saber mais, e acho que o senhor pode me ajudar.

Lupin agora parecia mais sério, embora conservasse um certo ar de tranquilidade e nada surpreso com as indagações da garota.

- Já esperava por isso. - e adiantou-se ao ver a cara de espanto da menina - Afinal, tenho meus contatos com uma certa Inominável, que não foi auror por opção e que joga no mesmo time que a gente. Não sei se posso ajudar muito, mas responderei o que quiser, desde que esteja ao meu alcance.

- Marjorie McGonagall?

Ele concordou com a cabeça.

- Suas orelhas estão mais pontudas do que da última vez que a vi, nas férias...

- Hã? - Arwen interrogou preocupada, palpando as orelhas - Tá tão ruim assim? Vou virar um monstrinho, um Dobby talvez?

Lupin riu da ingenuidade da menina.

- Não minha querida, suas orelhas estão mais pontudas, mas estão lindas. Aliás, desde que a conheci eu pude deduzir quem seriam seus pais... Afinal, você é extremamente parecida com ela... Exceto pela cor dos olhos... Parabéns srta. Potter, você está tão linda quanto era sua mãe na sua idade. E quanto às suas orelhas, não se preocupe com elas, você viu as da Senhora de Lothlórien. Achou ela feia?

- Não! De jeito nenhum, muito pelo contrário... Ela é linda!

- Então... - ele fez uma pausa - se suas orelhas continuarem mudando, o máximo de tamanho e forma que elas atingirão serão aqueles como os dela. Sua mãe não tinha essas orelhas...

Continua...
Arwen Lórien Potter às 15:32 h

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