sábado, dezembro 03, 2005

A herança - final

Já era hora do almoço e a barriga de Arwen demonstrava ter um ser extraterrestre vivo em seu interior, tamanho ronco que se ouvia do seu estômago faminto. Perdida entre tantas coisas diferentes contidas naquela enorme caixa de madeira, a jovem grifinória nem se deu conta de que o tempo passara. Seu pensamento, no entanto, ainda estava fixo naquele Anuário. Estava ansiosa para mostrá-lo às amigas.

Juntou suas coisas de volta no baú, pegou a mochila e desceu apressada. Na sala comunal, viu Romilda Vane conversando em alto, claro e bom tom que a melhor coisa que Harry Potter fez na vida foi ter dado um chute no traseiro da orelhuda do quinto ano...

- Merlin, ainda não sei o que ele viu nela! - e caíam na risada, as meninas.

- Ora, não falem assim da Potter! - reclamava um garoto miudinho, com uma voz fina, que Arwen reconheceu na hora: Denis Creevey - Ela é muito mais legal e bonita que vocês! Aliás, se vocês ainda não perceberam, ela e Ginny Weasley são as meninas mais bonitas da Grifinória!

Arwen corou e sorriu. Jamais havia imaginado uma coisa dessas! Resolveu sentar-se na escada para assistir o bate-boca.

- Ora, Creevey, e o que você entende de garotas para dizer uma coisa dessas? - replicou Vane, se admirando num espelho de bolso.

Ouviram então uma voz vinda do outro lado da sala, que a garota de orelhas pontiagudas sentada na escada não pode ver de quem era.

- Ora, ele e mais da metade da população masculina sabem disso... O time das garotas mais visadas de Hogwarts: Weasley, Chang, Potter, Rain, e agora a Grant...

- Ninguém te dirigiu a palavra, sr. Finnegan - respondeu desgostosa e grosseiramente Romilda.

A menina na escada levantou-se, fingindo pigarrear, jogou os cabelos para trás displicentemente e saiu, sem olhar para os presentes, murmurando um "boa tarde, meninos", desaparecendo de suas vistas através da entrada da sala comunal.

Ainda sem acreditar no que acabara de presenciar, Arwen caminhava a passos largos, quase correndo em direção ao salão principal. Até ficaria com raiva da Vane, mas diante de cena tão ridícula, não teve outra opção senão achar graça.

Deu de cara com Alexis e Dani Lupin caminhando em direção à entrada da Grifinória.

- Há! Aqui está ela, a marota fujona e matona de aulas! - esbravejou Dani Lupin. Traíra, como pôde ficar fuçando no caixotinho sem esperar pela gente??? Eu tô TÃO CURIOSA pra saber o que tem lá!

- Anda logo, marota das Zoreia, desembucha, o que tem lá? - Alexis beliscava o braço da amiga enquanto falava.

- Bom... - começou Arwen - a princípio um monte de tranqueiras familiares... Uns objetos estranhos que acredito que foram do meu pai... Mas o importante está aqui.

Sentou-se ali mesmo, no chão do corredor, abrindo a mochila. As amigas também se sentaram, esperando para ver o que ela iria mostrar.

Dani Lupin e Alexis sorviam cada página daquele livro com os olhos cada vez mais arregalados. Parecia que eles lhes saltariam das órbitas a qualquer momento! Quando terminaram de folhear todo o livro, fecharam ainda sem entender bem a importância daquilo.

- Estranho, não acham? - perguntou a pequena semi-elfa.

- Very strange... - comentou baixinho Dani, muito pensativa.

Alexis mantinha-se com o queixo caído, não dizia nada.

- Você sabia de alguma coisa, Dani? Seu pai comentou alguma vez...

- Não, não, tudo o que ele mencionou a esse respeito ele disse quando te conheceu, lembra? Achou estranho seu sobrenome, daí lembrou que conheceu seu pai... no Ministério. E só.

- Minha mãe também nunca foi de falar nada... Nunca soube nada além de ela ter sido da Grifinória. Mas uma vez que você é uma das minhas melhores amigas... e Lily Evans e James Potter, pais do... legume insensível Potter - e deram umas risadinhas, embora Arwen ainda sentisse um incômodo estranho ao tocar no assunto - era de se esperar que pelo menos alguém tivesse citado, nem que fosse de longe, né?

- De fato, muito estranho - pronuciou-se, por fim, Alexis - mas também muito fácil de se resolver.

As duas ficaram olhando para ela com interrogações estampadas na testa.

- Elementar, minhas caras marotas - prosseguiu Dumbledore - é só a Dani falar com o pai dela. Perguntaremos diretamente ao Poderoso Lupão.

- Não, acho que não... - respondeu cabisbaixa, Lupin - pelo menos não agora. Papis tem andado tão... ocupado ultimamente! Acho que vai ser difícil conseguir falar com ele...

- Bom, tentamos quando der... enquanto isso, podemos investigar nós mesmas... Tem tanta tralha pra isso! Agora vamos, estou morta de fome! - finalizou Arwen levantando-se, e com a mente fixa agora não somente no Anuário, mas também no diário de Liv Potter.
Arwen Lórien Potter às 22:10 h

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