quarta-feira, outubro 19, 2005

Where you going to?

O dia nasceu e Arwen mal dormira. Alexis também compartilhara com a amiga a noite de insônia. Afinal, colos são extremamente bem-vindos (e necessários) após um fim de romance. Mesmo que esse não fosse o mais feliz e meloso de todos os romances vividos nos contos de fadas.

As duas grifinórias desceram para o café da manhã. Arwen mal tocou no suco de abóbora. Alexis olhava penalizada para a amiga e com fúria para o ser dono do raio que rachou a amiga em mil pedacinhos élficos. Ele que fosse para o raio que o parta!

- Vamos, orelhudinha! Coma alguma coisa! Olha só, tem bolo de caldeirão, que você adora...

- No, thanks, estou sem fome, vou só tomar um suco e...

- Eu te dou um pedaço das minhas panquecas com mel!

Logo começou a maravilhosa apresentação dos Corvinais na mesa principal. E enquanto eles emanavam boa música pelo salão para acalmar os coraçõezinhos tensos dos estudantes naquele ano peculiarmente difícil, chegaram até as meninas os famigerados horários escolares.

- Dois tempos de Poções logo de cara. Mas temos o primeiro horário vago - murmurou Arwen, com os olhos fixos no pergaminho.

E aconteceu de novo. A pedra azul do anel na mão da quintanista reluziu mais intensamente e queimou de leve o dedo da garota. Ela sentiu outra vez o calor brando no corpo, que vinha da jóia... E levantou-se depressa, largando seu intocado café da manhã, arrastando pelas vestes uma Alexis de boca cheia, mastigando, tentando recolher sua mochila e reclamando palavras que não poderiam ser compreendidas, graças às panquecas ainda em sua cavidade oral.

- Couma aêê, ba ondche a xente fai? Ucha fida, eu aindha tho cumendu!

Arwen não respondeu, só andava quase correndo, puxando a amiga para fora do castelo.

Na beira do lago estava a corvinal que se considerava o ser mais infeliz do mundo. Ela sabia que havia pessoas com problemas e dores muito maiores que o seu, mas costumava acreditar que cada um tem o seu respectivo dilema, e que para esse, o seu próprio fardo sempre seria o maior de todos e insuportável.

Não conseguia acreditar. Ou melhor, não queria. Queria fechar os olhos e pensar que tudo aquilo não passara de um enorme pesadelo. Ou de uma brincadeira sem graça, como as almofadas de pum que ela colocava escondidas nas cadeiras do salão comunal corvinal. Ruim no modo de ver das pessoas que sentavam lá e se sentiam constrangidas ao ouvir o som de gazes saindo exatamente de onde estavam seu traseiros. Talvez seja isso. Tudo não passa de uma questão de ponto de vista. Será?

A única coisa que Dani Lupin sabia era que a dor era enorme. Tanto que suas lágrimas teimavam em deslizar pelo seu rosto. Parecia que nunca teria fim. E o que ela faria agora? Como olharia para seu namorado (se é que ele ainda era seu namorado), para sua companheira de dormitório (por um momento refletiu... talvez ela pudesse estar falando a verdade ontem) e para tantos outros corvinais que presenciaram tão lamentável cena?

- Dramáticas. Solteironas. E irritadinhas. Olhem, este papel é meu, caso alguém não tenha avisado vocês, minhas pequenas... Errr... Ok, então! Agora também vou me juntar ao conjunto "cara no chão" de vocês. Esse clima no começo do ano me deixa rabugenta, francamente! - disparou Alexis ao ver as caras de enterro das duas marotas.

- Rabugenta você sempre foi, Dumbledore. E realmente foi um péssimo começo de ano para nós... - retrucou a grifinória de orelhas pontudas.

Dani olhou para as amigas ainda sem entender direito o que estava acontecendo.

- Como assim, solteironas? Arwen, você e o Harry...

- Sim - fez uma pequena pausa e continuou - ele tem suas prioridades... Era inevitável, iria acontecer mais cedo ou mais tarde... - parou de falar por alguns segundos, e dando um suspiro, prosseguiu - Mas e você Avoadinha, como está?

- Aposto que sou o assunto principal do café da manhã. Devo estar mais popular que as panquecas com mel. Estou péssima!

- Ah, então somos duas... Eu devo estar sendo a pessoa mais festejada pelo fã-clube do "Escolhido". Todo mundo me olhando atravessado, fora aqueles risinhos idiotas abafados, desde o dormitório até a hora em que saímos do castelo. Hunf!

- Mas, mudando um pouco de assunto... Como vocês me acharam aqui?

- Muito simples - começou com um risinho irônico a marota Irritadinha - nossa elfa orelhudinha aqui é praticamente um clone da libélula Sibila!

*Pausa para o olhar fuzilante e estuporante da Potter para a Srta. Dumbledore*

- Meus anéis - continuou Alexis - geralmente servem só de enfeite para a caixinha de jóias. Mas o dela é muito mais potente! Nós estávamos tomando o café da manhã quando o "Anel do Olho que Tudo Vê e Também Ouve" a fez sair correndo, me arrastando pelos cabelos saguão afora e cá estamos. Tudo muito simples, rápido, prático, clean.

Arwen olhou com carinho para a garota de cabelos ondulados e olhos castanhos brilhando mais que o habitual por causa das lágrimas. Sentou-se ao lado da amiga corvinal, abraçando-a e murmurando um "sinto muito, Avoadinha..."

- Eu também, Lobinha... - disse Alexis juntando-se ao abraço das amigas - Mas então, o que fazeremos depois dessa? Perna-presa no Tom? Furúnculus na Pettigrew? A gente ajuda no que for preciso, eu encontrei outro dia um feitiço muito bom mesmo, ele peg...

- Não será preciso, marotinha! Eu nunca teria coragem de fazer nada contra o Tom. Eu o amo demais, mesmo estando magoada.

Foi quando um vulto saiu de trás da árvore. Era Tomas, que havia escutado o final da conversa das meninas.

Alexis e Arwen se levantaram num salto e ficaram a postos com as varinhas apontadas para ele. Mas parecia que ele não estava se importando com isso, porque mesmo assim continuava seguindo em direção a elas.

- Ei! Pare aí mesmo onde está! Não vamos deixar você magoar ainda mais a nossa amiga! Pegue seu traseiro e dê meia volta daqui, já chega o que você fez! - gritava Alexis.

Na medida que ele ia se aproximando, elas puderam perceber que os olhos o corvinal estavam muito vermelhos e úmidos. Então Arwen se interpôs entre Dumbledore e Tomas Bittes.

- Talvez seja melhor que eles fiquem a sós... Eles precisam conversar.

- Mas se formos não vai dar para ouvir a conv... Digo, como vamos defender a Lobinha desse filhote de trasgo? Temos que ajudá-la!!!

- Obrigada meninas, mas acho que eu e o Tom precisamos ter uma conversa definitiva. Eu encontro vocês na hora do almoço, fiquem sossegadas.

As duas hesitaram por um segundo, mas depois de um sorriso sem graça da amiga ("Está tudo bem, sério."), seguiram para o castelo, olhando para trás e sentidas em deixá-la ali, naquela situação.

* Por Dani Lupin, Arwen Potter e Alexis Dumbledore.
Arwen Lórien Potter às 12:25 h

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