sexta-feira, setembro 02, 2005

Na Cidade dos Galadhrim - Final

Os dias que seguiram o meu último encontro com a Senhora de Lórien transcorreram de maneira tranquila. Caminhávamos, comíamos, dormíamos e desfrutávamos da paz dos nossos últimos dias naquelas terras. Paz que era perturbada somente por Alexis dedilhando a bendita harpa, fazendo a população élfica desaparecer das proximidades de onde estávamos sempre que ela resolvia se arriscar um pouco mais. Nessas horas, eu lembrava de Felisberta...

Continuei estudando e compreendendo muitos dos dons que percebia em mim, mas nunca havia dado a devida importância. Acreditava que era pelo simples fato de eu ser bruxa, e que outros alunos e bruxos certamente também o possuiam. Ledo engano.

No nosso último dia em Lórien, a Senhora nos chamou até o jardim cercado, onde ela guarda seu instrumento precioso, o Espelho. Entregou-me uma caixa de madeira, com runas élficas gravadas em dourado na tampa. Abri-a. Era forrada por dentro com um tecido acetinado verde e continha dois livros, um maior e outro menor, uma espécie de diário, um pequenino feixe de cabelos amarrados numa fita e... um anel. Um anel dourado, adornado com uma pedra azul clara muito brilhante, gravado na sua face interior também em élfico. Dani Lupin e Alexis também ganharam caixas semelhantes à minha, mas a de Alexis continha um broche, um punhal e uma pena. A de Dani Lupin, um pingente prateado e livros. Antes que pudéssemos agradecer, Galadriel se pôs a falar:

- Arwen, esse anel foi encontrado junto de sua mãe, na Floresta Proibida, nos terrenos de Hogwarts. Foi dada a mim a sua guarda para que o entregasse a você, sua legítima dona. Ele foi confeccionado a meu pedido para presentear minha filha, mãe da Estrela Vespertina de quem você tem o nome. Vêm passando através das gerações, de mãe para filha. Este anel possui alguns poderes que você descobrirá com o tempo. Use-o bem.

Retirei o anel da caixa e coloquei-o em meu dedo. Senti um ligeiro tremor na espinha e um calor brando na alma. Galadriel prosseguiu:

- Herdando o Anel de Lórien, você deverá devolver o Anel dos Sonhos de Elrond, que voltará para Valfenda. Você não irá mais precisar dele.

Eu já não o usava desde que comecei a ter pesadelos, antes do ocorrido na Floresta Proibida. Retirei uma sacolinha de veludo vermelho das vestes com o anel dentro e entreguei à Senhora. Então de fato, era um anel que provocava pesadelos...

- Não pense assim, pequena Arwen. O Anel dos Sonhos foi de grande valia. Ele auxiliou a ampliar a sua visão para muito além do que os olhos humanos são capazes de alcançar... Agora a sua herança cumprirá também este papel.

Continuei olhando para o inteirior da caixa. Um feixe de cabelos?

- Senhora, e esses fios...
- São meus. Pode ser que você precise de mais alguns. Nunca se sabe até quando a varinha mágica de uma feiticeira vai estar intacta. Se for danificada, você já possui o cerne. Bastará encontrar um bom artesão e confeccioná-la.
- Mas o cabelo da minha varinha é...
- É meu, Arwen. Você tem o meu dom em sua alma e também em sua varinha. Mesmo escolhendo outro caminho, esta terra faz parte de você e estará sempre contigo.

Sorri, agradecida. Ela ainda nos entregou, a cada uma de nós, vestes cinzentas feitas de um tecido macio, sedoso, quase aquoso.

- São capas élficas de camuflagem. Também pedi para que separassem lembas e água purificada do Nimrodel. Acho que será o suficiente para que vocês viagem em paz. Também será útil quando voltarem ao seu mundo, vão ajudar a suportarem os dias escuros que enfrentarão. Agora vocês devem se adiantar. Logo começará a festa de despedida das jovens aprendizes de Dumbledore, o sábio.

Saímos do jardim e Marjorie nos esperava do lado de fora. Voltamos para a nossa árvore e preparamos nossa bagagem. Convidei minhas duas amigas para darmos mais uma volta pelas proximidades, para me despedir. Faltavam ainda alguns minutos para o jantar de despedida. No entanto, minhas fiéis escudeiras preferiram ficar embasbacadas, olhando os presentes (principalmente as capas) a me acompanhar no passeio. Novamente, pensei em Felisberta. Posso imaginar o que já estão tramando para as vestes. Marjorie então me acompanhou no passeio.

Saímos para que eu desse uma última olhada e adeus para a bela terra que descobri ser minha segunda casa.
Arwen Lórien Potter às 16:49 h

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