sábado, setembro 24, 2005

Felisberta no Beco Diagonal

O Beco Diagonal nas vésperas do início das aulas é sempre um pandemônio. Com aqueles zilhões de cartazes com instruções de defesa espalhados por todos os lados, placas, e aqueles insuportáveis panfleteiros a serviço do Ministério da Magia entregando regras normativas de conduta para segurança pessoal e familiar, estava simplesmente a cópia do que deve ser o inferno. Peguei um daqueles e parei para ler, no meio do povaréu. Só senti o puxão no cotovelo direito me jogando para frente e quase tropecei e caí de fuças no chão.

- Dona Tonta, dá pra ler isso outra hora? Estamos atrasadas, ainda temos que ir na Floreios e Borrões e essas sacolas estão pesadas!

Dani Lupin falava com as mãos na cintura e duas sacolinhas mixas contendo alguns ingredientes para poções em uma das mãos, batendo o pé no chão, impaciente, enquanto Alexis se acabava de rir da cena.

Guardei o papel no bolso das minhas vestes. Olhava para os lados, ansiosa, procurando encontrar algum rosto conhecido no meio da multidão... Um rosto marcado por uma cicatriz em forma de raio na testa, moldurado por cabelos muito negros e desgrenhados, olhos verdes muito intensos e os óculos que eu amava. Mas não avistei nada semelhante...

Continuamos nossas compras de livros. Passamos em frente à sorveteria, mas estava fechada. Assim como outras tantas lojas. Inclusive a... Loja do Senhor Olivaras???
Definitivamente, o Beco Diagonal não era mais o mesmo... A bem da verdade, nada mais era igual ao passado (se é que algum dia já foi). Nem eu mesma. Em tão pouco tempo tudo mudou tão drasticamente que eu mesma mal me reconhecia. Mas as minhas amigas... Bom, essas nunca mudam e nem precisam mudar. São perfeitas como são.

- Preciso passar na Madame Malkin, pra fazer vestes novas... - avisei às meninas e ao professor Lupin, que nos acompanhava.

- Hum, a marotinha comeu tanto lá na terra dela que até engordou! Hahahahaha! - Zoava Alexis.

Fiz cara de zangada para ela, que baixou a cabeça fazendo bico, dizendo "eu num fiz nada demais..."

Entramos na loja de vestes, e a senhora me fez subir num banquinho. Tive que ouvir o feliz comentário "nossa, como você cresceu, e está mais fortinha também!". Affe! A mulher me mediu de cima embaixo, com uma fita métrica e saiu, nos deixando a sós. O professor Lupin ordenou que não saíssemos dali, ele iria na loja ao lado e já voltava.

- Mas papai, ande logo, queremos ir à loja dos Weasley!

O professor fez cara de poucos amigos para a filha e saiu.
Ele saiu e Pansy Parkinson entrou. Automaticamente. Assim, como um presente dos Deuses para nós, sedentas de marotices.

A sonserina nojentinha torceu o nariz para nós e fez aquela cara habitual de "estou sentindo cheiro de bosta". Empinou-se toda e foi atrás da dona da loja.

- Ah, querida, aguarde só um minutinho, estou atendendo essas mocinhas aqui... Pode se sentar ali, naquele sofá, já estou terminando...

A sonserina enrubresceu e esbravejou.

- EU EXIJO SER ATENDIDA AGORA. Não vou esperar por causa de uma semi-humana, uma sangue-ruim e uma filha de lobisomem!

A dona da loja contraiu os lábios e saiu em seguida, para buscar mais vestes. Era a nossa vez de agir. Pisquei para a Dani Lupin, que olhou para Alexis, que olhou para a sua bolsa. Madame Malkin voltou entregando-me as sacolas, paguei-lhe o que devia e já íamos saindo quando...

- Ai, esqueci minha sacola com a comida para Nix! - falou Alexis num tom teatral, dando um tapinha na testa.

Entrou, pegou a sacola com a ração da coruja e deixou bem atrás da metidinha sonserina uma... Felisberta.

Mal acabamos de sair e ouvimos a explosão e sentimos o fedor. Olhamos pelo vidro e a mocréia estava coberta de instrume dos cabelos à ponta dos pés. Quase morríamos de rir do lado de fora, quando o senhor Lupão voltou... E nos olhando de canto de olho...

- Bombas de bosta outra vez? Mas quantas vezes eu preciso falar que...
- Ah papis, ela bem que merecia vai? E você nem pode falar muito não... Seu curriculum escolar é bem pior que o nosso... Dá um desconto pra gente, aquela menina é um pooooorreeee!

O professor Lupin apenas se dignou a menear a cabeça negativamente, com um sorriso esboçado nos cantos dos lábios.

E seguimos, felizes, para a Loja dos Weasley! Afinal, precisávamos abastecer nosso arsenal de guerra... Este ano que se inicia promete... E que venham os NOMs.
Arwen Lórien Potter às 08:01 h

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