sexta-feira, setembro 16, 2005 Almost Unreal Estávamos já na casa dos Lupin, em Hogsmeade, e Marjorie foi bastante piedosa conosco. Não contou nada sobre a Felisberta, para a o bem e felicidade geral das Marotas de plantão. Enquanto Alexis e Dani Lupin se divertiam no andar de baixo da casa, retirei-me para tomar um banho e descansar. Estava de volta ao mundo real. Sentia o peso do ar, como se fosse chumbo em minhas costas. O clima no Reino Unido realmente estava péssimo. Catástrofes, mortes, desaparecimentos acontecendo por todos os lados, tanto no mundo bruxo quanto no trouxa. E, cá no meu mundinho, inevitavelmente eu viajava, lembrando das minhas mazelas pessoais e tão relacionadas ao novo estado de ânimo que invadia a Inglaterra... Joguei-me em cima da cama conjurada pelo professor Lupin e pus-me a pensar em Harry. Fazia tempo que eu não tinha notícias dele. Onde estaria agora? Estaria bem? Vivo? Além dessas preocupações, ainda tinha a promessa de minha mãe... Algo que eu deveria cumprir, mas não queria... Foi quando ouvi batidas leves na janela. Vislumbrei uma coruja branca, que reconheci na hora: Edwiges. Abri correndo a vidraça, para que ela entrasse, peguei a carta em seu bico e dei-lhe umas coçadinhas no cocoruto da cabeça, agradecendo. A carta era um tanto longa, mas seca. Dizia que estava na Toca, em companhia dos Weasley e que e que Fleur Delacour estava lá. Contava que andara ocupado, e observando movimentos estranhos de pessoas próximas. Que soubera de coisas terríveis que aconteceram com pessoas conhecidas. Desaparecimentos. Mortes. E que ele estava sendo vigiado 24 horas por dia. "Babe, Come in from the cold And put that coat to rest Step inside Take a deep breath And do what you do best Yea Kick off them shoes And leave those city streets I do belive Love came our way Fate did arrange For us to meet" Perguntou como eu estava e como haviam sido as férias. Dizia que ele estava preocupado com o que poderia acontecer comigo, e também que o perigo poderia estar mais próximo do que pensávamos. Mas que não podia contar nada além daquilo, pois corujas podem ser interceptadas. "I love when you do That hocus pocus to me The way that you touch You've got the power to heal You give me that look It's almost unreal It's almost unreal" Terminou a carta dizendo "nos vemos em Hogwarts, então. Afetuosamente, Harry." Perdi-me de novo em meus pensamentos. Ele não era o exemplo de namorado atencioso e apaixonado. Mas me dera uma prova dos seus sentimentos no final do último semestre... Mesmo assim, ele me parecia distante. E eu, ainda sem saber o que fazer. Afinal, prometi à minha mãe... "Hey We can't stop the rain Let's find a place by the fire Sometimes I feel Strange as it seems You've been in my dreams All my life" Decididamente, eu estava num dilema. Sabia o que deveria fazer, mas não podia. Não iria conseguir. Alexis já havia conversado comigo sobre o assunto. Ela concorda que uma promessa que se faz à sua mãe enquanto ela morre em seus braços não pode deixar de ser cumprida, por mais que isso venha a doer. Mas deixá-lo ir assim... Depois de tudo... E depois de todo esforço que ele fez para me livrar daquele pesadelo... "I love when you do That hocus pocus to me The way that you touch You've got the power to heal You give me that look It's almost unreal It's almost unreal" Peguei uma pena e me pus a escrever-lhe uma resposta. Tentei parecer feliz, dizia que tinha novidades interessantes para contar a ele quando nos encontrássemos. Mas acho que nas entrelinhas das minhas frases aparentemente sorridentes, estava explícita toda a minha agonia. E eu sinto, eu sei que tem algo errado. Além de promessas. Além de tudo. Além do que os olhos humanos podem perceber. Algo que talvez só o coração de uma pessoa com o sangue de Galadriel correndo em suas veias possa sentir. Ou algo que qualquer garota com um sexto sentido aguçado possa perceber... "It's a crazy world out there Let's hope our prayers Are in good hands tonight" Coloquei a carta no bico de Edwiges e pousei um beijo em sua cabecinha. Ela voou pela janela alcançando rapidamente a imensidão do céu até desaparecer de vista. * Música: Almost Unreal, de Roxette. |