terça-feira, agosto 02, 2005

O Expresso de Hogwarts - Parte II

O trem foi ganhando mais e mais velocidade... O vento batia com força em meu rosto e o volume de ar era tanto que eu mal conseguia respirar. Minha mãe ficara pequenina lá atrás até desaparecer. Saí então da janela e sentei-me ao lado da minha coruja.
A garota de olhos amarelos agora me olhava com cara de interrogação. Sorri para ela.

- Ahn... seu nome é Potter? - perguntou bem na lata.
- Sim, Arwen Potter, prazer.
- Alexis Dumbledore - respondeu, estendendo a mão - Você é parente de Harry Potter?
- Oh, não, não sou! Minha família por parte de pai é trouxa, são irlandeses. Não temos nenhum parentesco com os Potter da Inglaterra. E você? É parente do diretor de Hogwarts?
- Sim! Eu sou neta dele! Bom, na verdade, sobrinha-neta, mas meu avô morreu antes de eu nascer e cresci chamando o velho Dumbie de vô.

A viagem seguia e o céu ficava cada vez mais escuro, na medida que nos dirigíamos para o norte. Logo a chuva começou a cair em pingos grossos, o que fazia um barulhão sobre nossas cabeças. Enquanto isso, conversávamos sobre Hogwarts. Minha colega de cabinhe crescera correndo pelos corredores do castelo e contava-me tudo o que sabia sobre ele, as casas, suas lendas e tudo o mais. Sonhadora por natureza, enquanto ela falava eu me imaginava lá dentro, andando pelos campos na área externa do castelo, espiando a Floresta Proibida e jogando quadribol pelo time da minha casa.

- Você joga quadribol? - Perguntei.

Mal terminei a frase e a porta da cabine se escancarou. Uma garota de cabelos castanho-escuros, ondulados até os ombros, olhos escuros e os braços carregados de livros estava parada na porta, nos olhando sorridente.

- Ah, me desculpem! É que eu estou procurando... Vocês viram meu pai?

"Pai?", pensei, "mas eu achei que não houvessem adultos nesse trem, tirando é claro, o maquinista e a mulher do carrinho de comida!". A menina continuou falando:

- Ele não estava muito bem, ele entrou no trem bem antes do embarque e eu acabei me perdendo dele... - a menina olhava para os corredores, e de volta para o interior da nossa cabine. Parou de falar, pensativa. Depois virou para nós e terminou:

- Posso ficar aqui com vocês? Lá na frente os meninos estão fazendo muita algazarra, eu não consigo prestar atenção no que eu estou lendo.

- Você já está estudando??? - Alexis arregalou os olhos.

- Não, só dando uma olhadinha nos livros novos - disse já se acomodando ao lado de Alexis - mas eu gosto muito de ler e estudar, vocês não? Eu quero ir para a Corvinal, vou ficar realmente chateada se for escolhida para outra casa. Como vocês se chamam?

- Alexis Dumbledore.
- Arwen Potter.

A garota nos olhou com ar de surpresa.

- Noooossa! Só celebridades! Prazer, Daniela Lupin. Vocês também são novatas? - assentimos com a cabeça - Querem ir para qual casa?

- Bom, eu ainda não sei... - eu dizia - minha mãe foi da Grifinória, mas eu não sei muita coisa sobre as casas...

- Oh, mas você não leu "Hogwarts, Uma História"? Lá tem tudo sobre Hogwarts, suas casas e tudo o mais. É bem interessante - e baixou o volume da voz, quase cochichando - queria ver se encontrava algo sobre passagens secretas para sair do castelo, sacam?

A menina então começou a nos dar uma verdadeira e divertida aula sobre as quatro casas da Escola. Alexis, por certo já sabia de tudo aquilo. Para mim, a grande maioria das informações era novidade.

- E a Lufa-Lufa é a casa dos que eles chamam de "leais", sabe, casa de gente muito boazinha. Mas a maioria do povo acha mesmo é que os lufa-lufas são um bando de bobos, tipo ingênuos, sabem?

A garota dava a demonstração do que estudara de maneira alegre e divertida, muitas vezes interrompidas por Alexis, que se ocupava de fazer um ou outro comentário pontual, sagaz e hilário. Eu definitivamente, concluí que estava em boa companhia.

- Ai, que fome! - reclamou Alexis.
- Papai disse que servem lanche no caminho... Onde será que a mulher do carrinho de doces se escondeu?
- Não sei, mas com a fome que eu estou, comeria até mesmo uma coruja, com as penas e tudo!

Galadriel arregalou os olhos azuis e se encolheu num canto da gaiola, assustada, me olhando.

Falávamos agora de quadribol. Alexis contara que voava escondido em casa e treinava apanhar alguns objetos. Confessei que eu nunca havia pegado numa vassoura, exceto para varrer alguma coisa. Dani Lupin preferia assitir a jogar - "Não, muito obrigada, não nasci pra isso, nasci para ficar em terra firme"

Finalmente ouvimos o barulho das rodas se arrastando e um zum zum crescente. Enfiamos as caras no corredor e vimos a bruxa gorducha empurrando o carrinho lotado de guloseimas.
Por alguns minutos a conversa morreu. Ninguém falava, somente mastigávamos. Eu olhava através do vidro da janela. O tempo estava cada vez mais escuro, a chuva cada vez pior, se estendendo como uma cortina impedindo a visão de mais além.

Mais uma vez, eu viajava nos meus pensamentos, agora imaginando como seria a seleção das casas. "Sem dúvida que eu vou pra Lufa-Lufa". Olhava para as garotas sentadas a minha frente e sorri, dando mais uma golada no meu suco de abóbora. No íntimo, eu desejava que ficássemos todas juntas na mesma casa, apesar de eu ter certeza de que Dani Lupin iria para a Corvinal e Alexis, para a Grifinória. Era muito bom ter amigas pela primeira vez na vida.
Arwen Lórien Potter às 15:37 h

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