segunda-feira, agosto 01, 2005

E que venha a tal vida nova

Ai, que bom, orelhudinha querida, que bom que você voltou pra gente!!!

Minha vista ainda estava embaçada, mas pude enxergar Dani Lupin me agarrando pelos ombros e me abraçando, muito agitada e feliz. Alexis também estava em cima da minha cama e... Harry, sentado ao lado, me olhava sorrindo.

Forcei um sorriso para todos. Não era fácil acordar ali, do que eu considerava um sonho muito malévolo. Como a atmosfera estava mais leve, eu até acreditei por um instante estar saindo de um pesadelo. Mas logo a visão de madame Pomfrey colocando Alexis na cama e a dor que senti nas costas me disseram que talvez não tivesse sido um pesadelo.

- Dani, eu... quer dizer, o que está acontecendo? Onde está a minha mãe? Eu sonhei ou ela...

- Shhh, descanse, vai ficar tudo bem - foi Harry quem respondeu, suspirando - e você não sonhou...

Ele continuou me olhando com um ar de tristeza que me fez compreender. As lágrimas voltaram a correr pela minha face. Durante o sono comatoso de dias, eu me via perdida na floresta sozinha, no escuro, procurando por ela... ela havia morrido, mas eu não queria acreditar. Sentia frio, desalento, tristeza, desânimo. E agora, ao acordar para o mundo, constato que é tudo verdade. Eu não tinha mais a minha mãezinha, aquela que me era mais cara no mundo, minha vida, meu ninho. O que eu vou fazer sem ela?

- Mas... onde ela está? - perguntei enquanto procurava em volta, como se pudesse localizá-la.

Harry sentou-se mais perto. Segurou minha mão entre as suas.

- Os elfos da floresta a levaram - respondeu por fim.

- Arwenzinha, querida, vai ficar tudo bem, olha só, você não está sozinha não, viu? Você tem a mim, à Alexis e ao Harry aqui... - tentava me animar minha grande amiga, Dani Lupin.

Nesse instante, um moço de meia-idade, louro, de aparência cansada entrou na enfermaria e caminhou em nossa direção. Remo Lupin sentou-se numa cadeira entre a minha cama e a de Alexis.

- Bom ver que a nossa menina está acordada! Seja bem-vinda de volta, Arwen! E essas lágrimas? Ei, fique feliz. Você está viva.

- Sim, mas minha mãe não... e o que eu vou fazer agora? Professor Lupin, eu não tenho mais ninguém, o senhor sabe, meu pai morreu antes de eu entrar em Hogwarts... não tenho avós, nem tios, nem primos, nem nada. Minha mãe era tudo o que eu tinha nessa vida! Me conforta saber que pelo menos alguém a tirou da floresta.

Minha voz embargava e eu não saberia dizer se eu realmente falei tudo isso ou se pensei e não consegui pronunciar metade das palavras. Lembrei do pedido que ela me fez. Eu não podia. Simplesmente não podia!

- Professor, alguém pode me contar o que aconteceu? Por que Volde... ahn... Vocês-sabem-quem foi embora e não me matou também?

Lupin e Harry entreolharam-se. Lupin limitou-se a dizer que Harry tinha sido responsável por aquilo, que ele havia tentado sair do castelo, mas não conseguiu e que tentou "outros meios, se é que me entende" para me livrar. Minha consciência pesou ainda mais. Como cumprir o que minha mãe pediu ao morrer?

- Quanto para onde ir... essas férias você iria passar um tempo com os elfos, lembra-se? Ainda pode ir, se quiser. Acho que sua mãe ficaria feliz. E quanto aos demais dias, você pode ficar conosco, em Hogsmeade... embora um outro casal já tenha manifestado desejo de que você fique com eles até atingir sua maioridade.

Olhei desconfiada para ele. Outro casal? E quem estaria interessado na minha guarda?

- Quem?
- Os Dumbledore... - e olhou sorrindo marotamente para Alexis, encostada num monte de travesseiros. Ouvindo isso, ela sentou num salto, com os olhos arregalados.

- Hã? Arwen vai ficar com a gente? Vai? Diga professor, ela vai ser minha irmã???

Ele sacudiu a cabeça afirmativamente - Se ela quiser, é claro.

- Tá brincando, professor??? Claro que eu quero!!!

- E vocês estão convidadas a ficar uns dias em nossa casa, não é, Dani? Acho que minha filha marota não vai suportar ficar tanto tempo longe de vocês duas...

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Expresso Hogwarts- a caminho de Kings Cross, Londres, onde o sr. e a sra. Dumbledore nos esperaria. Eu iria para Lothlórien daí alguns dias e até lá, ficaria na casa dos pais da Alexis. Dani Lupin ficou em Hogwarts.
Durante a viagem, minha amiga me contou suas peripécias na batalha, os mortos, os feridos, a história da poção e a escolha dos beneficiados. Fiquei imensamente triste por Anna, que a essas alturas já deve estar bem adiantada no ritual de cura, em Wakantanka. Contou do chilique do Snape, depenando e exsanguinando as harpíonas. Ele agora deve me odiar mais que tudo nesse mundo.
Harry falou pouco. Estava mais sério que de costume. Sem jeito, eu diria.
A par de tudo, comecei a digerir os últimos acontecimentos.
O que se faz com uma dor sem tamanho? Queria poder arrancá-la de mim e jogar no lixo junto com a dúvida que me consome. Tudo o que eu mais queria era um momento de paz.

Arwen Lórien Potter às 09:24 h

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