quarta-feira, agosto 10, 2005 De partida para Lothlórien Estávamos Alexis, Marjorie e eu paradas olhando boquiabertas para as altas e esguias árvores de folhagem dourada e brilhante. Era começo de noite e uma brisa fria invadia-nos a alma. Ouvimos um ruído de água caindo como numa cascata e nos voltamos para a direita. Lá estava um rio, correndo alegremente. Marjorie arriscou: - Aquele deve ser o Nimrodel. Existem muitas lendas e muitas canções élficas sobre ele e dizem que suas águas têm poder curativo. Vamos, vamos tocá-lo! Seguimos a loira e depois de caminhar por alguns minutos, chegamos à margem do riacho. Marjorie encostou de leve as mãos na água cristalina do leito e ficou em silêncio por alguns instantes. Estava analisando algo. - Bom meninas, acho que poderemos atravessá-lo à pé, não é fundo... e então aguardaremos nossos amigos elfos do outro lado. Acredito que ainda teremos de andar um bocado, o povo de Lórien deve morar bem no coração da floresta. - Srta. McGonagall, por que não podemos usar chave de portal para chegarmos até lá?, perguntei curiosa. - Ora, Arwen, você sinceramente acredita que seria tão fácil assim encontrar os elfos e suas moradas? Não há nem mesmo como aparatar dentro dos terrenos da floresta de Lothlórien e o caminho para a morada é desconhecido. Os visitantes só lá chegam se assim os elfos o quiserem e eles mesmo os vêm buscar aqui nas margens do Nimrodel. Assenti, fazia muito sentido a explicação da moça. E como é que ela sabia disso tudo? Dumbledore havia me dito que muito pouco se sabe sobre os elfos nos dias de hoje... - Ora, srta. Potter, eu sou Inominada, lembra-se? Talvez eu conheça algumas coisas que meninas da idade de vocês não saibam ainda - respondeu, sorrindo, à minha pergunta silenciosa, como se tivesse lido meus pensamentos. Alexis mal se lembrava de respirar. Parecia não ouvir nem mesmo uma única palavra do que havíamos dito. Caminhava a passos leves, em profundo silêncio, observando atentamente as copas das árvores, as flores douradas, ouvindo a canção da noite. Atravessamos o Nimrodel caminhando lentamente. Marjorie nos orientava. - Andem bem devagar e sintam as águas curativas percorrerem através da pele. Vai fazer vocês se sentirem melhor. De fato, enquanto atravessávamos o estreito riacho, eu sentia a água fria lavando minha alma e toda a tristeza, a angústia e a dúvida dos últimos dias pareciam estar sendo arrancadas de mim e ficando ali, dentro do rio. Eu me sentia mais leve e com vontade de cantar. Ao chegarmos na margem oposta, olhamos ao redor e não encontramos viva alma. Não tardou mais que cinco minutos e ouvimos passos. Dois vultos altos e esguios aproximavam-se de onde estávamos, com passos tão leves que quase flutuavam. Eram dois elfos da floresta dourada, nossos guias naquele momento. Marjorie os cumprimentou com um aceno de cabeça. Eles responderam e falaram algo numa língua que nem eu, nem Alexis, entendemos patavinas. Mas Marjorie parece ter entendido, porque ela os respondeu - na mesma língua estranha. Enfim eles olharam para nós e ela nos esclareceu. - Eles estão dizendo que estavam esperando 4 pessoas, e não 3. Saberemos melhor sobre isso quando chegarmos. Vamos ter que colocar vendas nos olhos e confiar neles como nossos guias até que estejamos dentro da cidade dos Galadhrim. Concordamos desconfiadas. Alexis parecia indignada pela primeira vez na vida! - Ow, alto lá, alto lá! E eu vou perder tudo isso? Vou ter que andar de olhos vendados? E se eu cair? Marjorie riu, depois apazigou os ânimos. - Calma Alexis, logo logo o que você verá vai recompensá-la pelas horas de escuridão. Assim, partimos de olhos fechados rumo à tal "cidade dos Galadhrim". Mas no íntimo eu não me importava. Estava feliz demais ali para questionar alguma coisa. Talvez fosse o efeito da água do Nimrodel... |