sexta-feira, julho 15, 2005

A primeira tarefa

A noite caiu pesada e tensa sobre a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Chovia muito e os alunos e professores estavam agitadíssimos no Salão Principal. O Expresso Hogwarts for a atacado e destruído por goblins, o pânico se estampava nos rostos apreensivos e aterrorizados dos alunos que foram obrigados a voltar. Harry defendeu algumas crianças do primeiro ano no trem em apuros, mas saiu ferido, como a maioria. A cena do goblin matando Grisha Gargarin ainda estava nítida em sua mente e uma forte sensação de urgência crescia dentro de si. Olhava para o tumulto no salão sem focar em nada.
Estava perdido nos seus pensamentos. Na profecia. Na luta que teria que travar algum dia, e que parecia estar cada vez mais próxima.

As faces aflitas dos estudantes passavam por ele. E ele viu um rosto familiar. Um rosto alvo, emoldurado por longos cabelos negros, olhos cor de mel, aparência angelical e orelhas pontudas. Sentiu um aperto no peito. O que aconteceria com eles a partir daquele momento?

Ela não sabia da profecia que lhe dizia respeito. Nunca teve coragem de lhe contar. E agora, com o desfecho dela desfilando diante dos seus olhos, ele não podia deixar de imaginar o que se passaria na cabecinha da namorada quando ela soubesse. Quando ela descobrisse que para ele sobreviver novamente, teria que se tornar um assassino. Matar ou morrer. E, decididamente, morrer não seria sua primeira opção.

Ela se aproximou correndo e se jogou nos seus braços, angustiada.
- Harry, que bom ver você! Que bom vê-lo inteiro! Eu estava tão preocupada!
- Ei, bom muito bom ver você também!

Abraçaram-se demoradamente. O zum zum no salão foi serenando e eles então prestaram atenção no que acontecia ao redor. Os professores entravam um a um, enfileirados. Dumbledore ia na frente, carregando nos braços o velho Chapéu Seletor. Arwen procurava as amigas com os olhos aflitos.

Ao se acomodarem como podiam, colocou o Chapéu sobre a mesa defronte as mesas das casas, sobre uma toalha muito branca. O céu enfeitiçado do salão estava chuvoso, sombrio, denso.
Dumbledore então tomou para si a palavra:

Caros alunos e professores. Estamos aqui reunidos para informar-lhes notícias pouco... animadoras.

O diretor olhou para a mesa dos professores e percebeu que faltavam dois deles. Hagrid e Anna Brightbelt Snape. Ao fazer essa constatação, as portas do saguão se escancararam numa forte pancada e Hagrid entrou enxarcado.

Desculpem-me o atraso. Eu estava nos portões da escola fazendo uns últimos... ajustes, se é que me entendem...

- E a professora Brightbelt, onde está, professor Snape?

- Ela está se sentindo muito mal com todos esses acontecimentos... Preferiu ficar de repouso nos seus aposentos. Já providenciei medidas para que ela fique em segurança enquanto nos reunimos.

- Então podemos começar. Pois bem. Caros alunos e professores. Se havia algum momento que temíamos muito, é esse. Hogwarts está cercada por comensais e criaturas malignas fecham o cerco. A floresta de nossa propriedade está tomada de seres das trevas, o povoado de Hogsmeade dominada por trasgos, goblins e furanzões. O castelo pode não resistir por muito mais tempo.

Os olhinhos na multidão de estudantes brilhavam apavorados. O velho professor olhava penalizado para as cabecinhas nas mesas.

Não há como isolar nenhum de nós. Se há um momento para lutarmos, esse momento é agora. Os monitores das casas estarão incumbidos de protegerem as crianças. Os mais velhos deverão ser divididos em grupos, que serão compostos por membros de suas casas e liderados por professores, que deverão ficar alertas para a batalha iminente. Um grupo deverá ir à Floresta Proibida, outro a Hogsmeade. Os restantes, deverão ficar e defender o castelo.

Fez uma pausa, pensativo. Depois continuou:

Para que a divisão dos locais a serem cobertos fosse o mais justa possível, resolvemos optar por um juiz imparcial, que nos dirá aonde irmos.
E apontou para o Chapéu Seletor.

Harry olhava atento para o rasgo no Chapéu. Arwen moía-lhe os dedos da mão que segurava.

E o Chapéu começou a sua música sombria:

"Há muito tempo se espera
Pelo momento que se aproxima
Serei breve, não temam
Nada de firulas ou muita rima.
O mal através das muralhas se espalha
E toma os arredores sorrateiro
É chegada a hora de lutarmos
E despertar em nós um guerreiro.

E agora o Chapéu Seletor aqui está
E todos vocês sabem pra quê
Eu divido vocês entre casas
Pois essa é minha razão de ser
Mas hoje farei mais que escolher
Ouça atentamente a minha canção
Embora condenado a separá-los
Cumprirei diferente essa obrigação
Mostra-nos os sinais que nos rodeiam
Que nossa Hogwarts corre perigo
Que vem de inimigos externos, mortais
E precisamos nos unir em teu seio
E dividirmo-nos de dentro para fora
Avisei a todos, preveni a todos.
Daremos início agora à divisão.

Os que à Lufa-lufa pertencem
À floresta proibida devem ir
Os seguidores de Ravenclaw
Para Hosmeade devem partir
A casa do grifo e a da serpente
por uma razão mais que evidente
Deverão ao Castelo servir
Defendendo juntas o patrimônio
Que há mil anos vi construir.

Boa sorte jovens guerreiros
E que Merlin a todos proteja."


Após terminada a canção, Dumbledore recolheu o chapéu e ordenou que os diretores das casas se preparassem para rumarem com alguns professores para os seus respectivos destinos.

Harry observava tudo atentamente. Era chegada a hora.

Nota da autora: Alguns versos da canção do chapéu foram extraídos do livro HP e a OdF, feitas as devidas modificações.
Arwen Lórien Potter às 21:39 h

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